quarta-feira, novembro 22, 2006

Nosso avesso

Enquanto sou água, você é terra.
Eu sou música, você dança.
Eu castanho, você azul.
Eu mar, você rio.
Eu caminho, você desvio.
Eu clave de sol, você de fá.
Eu tudo, você detalhe.
Se vôo livre no seu ar, você enrosca preso aos meus pés.
Se me bebes vinho sangue, te toco água cristalina.

Eu não sou da sua rua,
Eu não falo a sua língua,
Minha vida é diferente da sua.
Estou aqui de passagem.
Esse mundo não é seu.

segunda-feira, novembro 13, 2006

Por linhas tortas

O telefone tocou e seu singular nome apareceu. Nos reencontramos; nos revivemos. Naquela noite sorrimos um o sorriso do outro. Choramos no dia seguinte.

Eu não esperava você surgir com traços tão fortes. Sentou-se ao meu lado e respirou o mesmo ar pesado que eu. Entre aflições, descobri você. Dormia sabendo que ao acordar após pesadelo, você estaria ali: cantando-me carinho; lendo-me força.

Nos revelamos nus, muito mais do que peças de roupas. Fomos mãos, colo, conversa, homem e mulher.

Entreveros, sou eu agora que velo seu sono. Ao seu lado, procuro tua freqüência e aguardo teu desabafo, mesmo que silencioso. Caminhamos um pouco, recolhemos flores no asfalto, e eu vejo-te sorrindo novamente.

Sei que não posso reconstruir seu chão que sei foi, mas posso em seu caminho florescer conforto. Se me permetires, enquanto procuras sua referência, serei estrela brilhante de noite escura; sopro primavera neste inverno rígido.

quarta-feira, outubro 18, 2006

Novas fotografias

Que bom que estas aqui. Vamos, sente-se ao me lado. Aproveite o canto colorido dos pássaros e venha pousar no meu jardim. O tempo já não tem medida, assim com nossa pulsação, nosso cheiro, nosso gosto. Somos nesse instante o hoje, o ontem e o amanhã.

Veja, ja se hipnotiza pelo sol que começa a se esconder atrás do horizonte. Não se preocupe, pois a lua esta por vir e não nos deixará sozinhos. Se o medo vier, destrua as paredes de seu castelo e expectores o que no peito sentes. Amanhã, seremos um novo refrão.

Ela vem e embalados pela majestosa beleza, somos desprovidos de palavras. Trocamos pequenos relicários com traduções de nossas fotografias. Somos emaranhados pela despedida da estrela e aguardamos o seguir planetário natural a nos cintilar.

sexta-feira, outubro 06, 2006

Erros

Muito mais que um rasuro. São calcados traços que jamais serão apagados nessa história. Mas, encontraremos sempre imperfeições em nossa estrada. Então, dirigimos a velocidade da noite, inteira, buscando os faróis que indicam o caminho do nosso verão. O som alto revela minha música preferida. Sua pulsação a recompõe.

Procuramos um abrigo, um conforto, onde não haja tantas lapidações. Onde possamos sentir medo, sem medo. Penso então que se houvesse oportunidade de voltar atrás, talvez eu cometeria os mesmos erros, somente para vê-lo novamente me fazer rir enquanto choro em seu colo.

Nos esquecemos ao amanhecer o dia.

segunda-feira, setembro 25, 2006

Festejei-nos

A roda do vestido vermelho que gira no seu céu
Incendeia os olhos castanhos que me fitam
E no aguardo da sua chuva de água morna
Cobiço que me clausures em nossas festa

terça-feira, setembro 05, 2006

Vil e Vã

Transformei-me em vulto humanizado; volúvel e adaptável. No labirinto da vida deparei-me com a ultrapassagem dos limites surreais. Na turbulência introspectiva observei mudanças visuais e sensitivas. Fiz súplicas entre loucura e lucidez.
O desconforto claustrofóbico da infinita branquidão perdeu minhas arestas. O desvio de minhas areias, reveladas pelo alvoroçado vento, perdeu meus rastros. As pegadas foram-se embora. As lembranças se eternizam em meu sorriso seco.
Sobrevivente a mim mesma, continuarei a molhar o lenço que me deste. Ora voltarei a página marcada por dobradiças; ora olharei a estrela luzente sempre em mim; ora pedirei perdão. E por mais que me formem brilhantes teorias e crenças eu as transformarei em pensamentos corrosivos, e dessa ferrugem maldita sairão bolhas de sabão com dizeres: "e se..."

segunda-feira, agosto 14, 2006

Ela

que encontro todos os dias de manhã em frente ao espelho. Ela que tenta me lembrar do sonho da noite anterior enquanto escovo meus dentes. Ela que, ao me ver suspirar fechando pálpebras, repara em olheiras dizendo: você não precisa dormir mais, e sim melhor. Ela que compõe um novo samba para mim, todos os dias.

Ela não me da respostas, não apaziguadoras, ao contrário, me produz novas perguntas. Em diálogo mudo me diz que é preciso ter a necessidade do mal para sentir o bem; da noite para se admirar a luz; da doença para apreciar a saúde. Ela que é espectadora de mim e fica ali comigo, diariamente, trocando espinhas por marcas de expressão. Que conhece cada cicatriz do meu corpo e da minha alma e que, por isso, cria nós em nossa relação.

Ela que com sorriso familiar desabrocha minha autobiografia não autorizada.

segunda-feira, agosto 07, 2006

Sardas

Remo nessa terrena marinha procurando sua margem. Na pontuada lembrança de pétalas perfumadas percorrendo pelo braile da minha pele, lendo-me corpo, desejo e sardas. E quando durmo, sonho-te. Quando me calo, escuto-te. Quando paro, danço-te. Quando me perco, encontro-te.

E tu, continuas
a me olhar com seus faiscantes diamantinos

e me lapidar.

quarta-feira, julho 26, 2006

Dunas de mim

Entre o inverno e a primavera
as cores permanecem confusas.
Não me acostumo com a temperatura
das minhas mãos pálidas, trêmulas, sujas.
Talvez esteja eu de pessoas cercada
e ainda assim, sozinha me sinta.
Talvez esteja eu em seu sopro de verão
e ainda sim, outono viva.

sexta-feira, julho 21, 2006

Carta

Composição: Vanessa da Mata

Ando nas ruas do centro
Estou lembrando tempos
Enquanto lhe vejo caminhar

Aguando a calçada
Um barbeia um velho
Deita a noite e diz poesia (serenata)

Vinho enquanto ouve choro costurar
Passei em casa, seu Zé não estava
Memórias Senhor Brás Cubas Postumavam
Enquanto vi passar Helena pra casa de chá

Devagar, bonde na praça
Ainda borda delicadeza
Torna a gente
Banca de flores
Libertando sorrisos no ar

quarta-feira, julho 12, 2006

Vecchi

Colorido. Da terra vermelha nos meus pés pálidos. Do verde nos meus castanhos olhos. Do riacho azul no transparente desejo.

Revi irmãos de sangue, de nome, de alma, de verso, de sorrisos e de conversa. Eles cresceram e me mostraram que apesar de terras distantes estamos próximos, sempre.

Do timbre italiano ouvi histórias, causos, boatos. Saudades. Como você cresceu. Deus lhe abençoe.

Voltei. Diferente de mim. Não eu ontem, nem hoje, aqui, sou e era. Volto eles. Volto suas histórias. Volto sotaque pesado. Volto Vecchi.

segunda-feira, julho 03, 2006

Te respondo me

Quem sois vós?
Que tens o barulho paralisante nesse silêncio ensurdecedor
Que transpira sabores pondo em meu rosto, imagem do ardor
Que faz de minha insanidade, fantasia de beija-flor

Quem sois vós?
Que se vestiu na cor brilhante do inverno e de mim, se escondeu
Que no jardim deixou um pedaço de papel, à espera de um rabisco meu
Que foi o efêmero reflexo dos meus olhos, quando viram o rosto teu

Quem sois vós?
Que me mostra o oásis de nós dois, num sonolento sussurro na manhã
Que desfila respostas diversas, enquanto escondo questões no divã
Que gira na grande ciranda, tornando-se suspensão de minha mente sã

Quem sois vós?
Que é vindo da elevação da maré, em meio ao sopro da canção
Que me olha no sobrevôo pela noite fria, a me aquecer na escuridão
Que tens em teu tesouro a pequena voz resumida na sua imensidão

Em ti, quadriculados pedaços de mim
Gritos sem lógica; perda de voz
Em mim, o olhar sobre o mesmo jardim
Sem descobrir, quem sois vós?

terça-feira, junho 20, 2006

Até ontem

Foi bom rever sonhos; saber que caminhos seguem rumos diferentes mas que o coração mora no mesmo lugar. Foi bom rever o rosto que me fez de fantasias viver; saber que hoje existe nele um sorriso imensurado trazido pela estrela que bate em sua porta. Foi bom.

Volto para minha casa vazia e a preencho com as novas cores existentes em mim. Eu as respiro e elas me inspiram. Cores das rosas, do sol, da roupa. Cheiro do mar, do ar, da dama da noite. Digo sim para elas, para eles e para mim.

Tive no futuro, o encontro com o meu passado. Terei no passado, a saudade do meu presente. Hoje, neste mundo sem dimensões, o segundo que antecede o momento cria-me perspectivas.

Tiro do meu peito o grande escudo e abro os braços para esse caminho tão taful. Ouço o lacrimejo da noite azul e lhe dou um sorriso doce. Minha voz sai do canto mudo e eu digo até logo ao invés do adeus.

quarta-feira, maio 31, 2006

Vide o verso

Danço nesse compasso, e no passo,
e lhe peço um abraço.

Chama o meu nome, some,
cria-me a fome.

Fita-me enquanto dança, trança,

enquanto disfarço a esperança.

Dispara no vento, atento,

me deita no leito.

Faz o segundo ir devagar, paralisar,

tira-me o singular.

Rouba-me o espaço, palhaço,

reúne o eu estilhaço.

Me pega pelo braço, no laço,

degusta-me no amasso.

Discute minha ilha, me pilha,

percorre por minha milha.

Cria-me o abstrato, e de fato,

vira o meu retrato.

Esconde-me um rosto, moço,

encosta no meu pescoço.

Revira o meu umbigo, castigo,

diz sonhar comigo.

É o sol que sustenta, esquenta,

e antes do vento, inventa.

Sugere o meu convexo, submerso,

vide o meu verso

segunda-feira, maio 29, 2006

Refrigério

O passarinho passou pela minha janela e disse que o dia lá fora era frio, mas que o sol continuava a reluzir as folhas amareladas que caiam no chão. Corri então, pois me afogava na abundante chuva que caia debaixo do meu próprio telhado.

Os livros da biblioteca me chamaram para o silêncio e disseram que as palavras eram difíceis, talvez até desconhecidas, mas eram novas. Embaralhei-me em letras para não ouvir as mesmas e velhas palavras durante as oito horas diárias.

Embrulho-me no manto de novas cores, novos sorrisos e suspiros. Quero uma boa conversa, ouvir boa música, ter um simples abraço.

quarta-feira, maio 24, 2006

Ela mora no mar, ela brinca na areia....


Infinito particular, arrepio
Universo ao meu redor, quatro taças de vinho
Carnavália, beija-flor
Vilarejo, um oi à distância
Eu não sou da sua rua, eu não falo a sua língua
Aconteceu, não percebi
Passe em casa, to te esperando
Maria de verdade, beijos no Ribeirão da Ilha
Carnalismo, que desejo Alta Noite, um violão, dois corpos
Satisfeito, o abandono feliz ao som da caixinha de música
Para mais ninguém, silêncio torturante
Meu canário, o vermelho dos dados Pernambucobucolismo, uma pequena luz sobre ela
Segue o seco, belos erros
Ao meu redor, talvez mais dentro de mim do que das coisas
Vai saber, a carta nunca enviada
Até parece, não quero me curar
Pra ser sincero, o que passou, calou; o que virá, dirá
Não é proibido, um convite para os amigos
Velha infância, não se desafina quando cantamos juntos
Não vá embora, triste adeus.

domingo, maio 14, 2006

To be: that is the question

Viverei então, mesmo que seja em um mundo de dúvidas, incertezas e devaneios. Viajarei por diferentes caminhos na busca da compreensão do sentir, e me darei o direito de responder: não sei. Não vou parar de andar caso perca minha direção, procurarei outros ventos.

Serei Deusa de mim mesma. Chega de me ignorar no espelho. Eu sou assim: uma mulher sem rosto de passos grandes na multidão; uma garota falante de riso largo entre os amigos; uma menina que sonha com contos de fadas no seu quarto.

Eis o melhor e o pior de mim. Um misto de personagens vividos nos palcos da vida com as notas musicais tocadas por meus irmãos. A voz e o gênio forte de minha mãe; a tranqüilidade e o sarcasmo de meu pai. Gosto de girassóis. Prefiro campo à praia. Durmo ouvindo música. Assisto três a quatro filmes por final de semana. Choro com facilidade. Ando descalça. Como os cantos das unhas quanto estou nervosa. Hipnotizo-me quando olho uma criança. Sinto falta do tranqüilo rio onde passava tardes nadando; do céu estrelado visto da casa de meu avô; das aulas de piano; dos passeios de patins.

De qualquer maneira, não terei complexo de Gabriela. Eu nasci de um jeito; cresci de outro; estou assim; e no futuro bem próximo serei diferente. Ontem cantavam canções para mim. Hoje eu danço conforme a música. Amanhã farei a minhas próprias composições.

Serei jovem eternamente. E se por acaso me ver sentada no banco da praça ao lado de velhos senhores, não se preocupe, estarei sugando o passado para enriquecer o futuro. Caminharei pelo asfalto duro e frio, mas deixarei lá minhas pegadas. Farei de minha vida um conjunto de experiências apreciadas e não sobrevividas.

Procurarei o fim do horizonte e mostrarei para meus amores que a lua pode brilhar muito mais forte; que as estrelas dançam quando nos entregamos; e que o céu esta logo ali, basta apenas estender a mão. Arrumarei a cama no dia seguinte e cantarei: "you´re my favorite mistake".

Enquanto sentir meu coração batendo farei de meus beijos sempre o primeiro; de minhas ilusões um livro; de meus olhos, luz; de minhas brincadeiras, o ser.

Ser errante
viajante
inconstante
significante

Ser diferente
vivente
potente
gente

Ser o ontem
o hoje
o amanhã
o eterno

Ser ar
pássaro
mundo
tudo

quarta-feira, maio 10, 2006

Sonífera ilha

Queria expectorar o que no peito penso, mas a fraqueza me consome e na sua frente, acabo comprimindo esse sentimento em blocos que aos poucos entopem minhas veias. Você tem razão: no meu peito guardo muita coisa que sou incapaz de verbalizar. Nas últimas vezes que sentamos, nossas conversas foram calcadas em monólogos. A única coisa que conseguia fazer, em meio a suas palavras, era me afogar no meu pranto.

É claro que sinto falta da época que nossas conversas eram tão simples e necessárias quanto o ato de respirar. Nós nos entendíamos na palavra, no olhar, no toque, no ar. Você me ensinou a andar, correr e voar. Tínhamos a mesma sintonia, o mesmo ritmo, o mesmo endereço, o mesmo nome.

Hoje, somos apenas desconhecidas que andam na mesma rua, em calçadas diferentes. Não sei te dizer em que momento passamos a nos separar, nos dividir, nos subtrair. Ficar mais próximas nos tornou mais distantes. Mas sei porém, que ao contrário do que você pensa, o nosso desencontro não se baseou no dia-a-dia, mas sim na descoberta.


A notícia que recebi ha pouco me levou há dez anos atrás, quando ao telefone eu pulava de felicidade em terras distantes. Estou feliz por você, mas confesso que senti um vazio dentro de mim. Parecia que eu tinha lido uma notícia no jornal e estava impossibilitada de comentar sobre o assunto. Senti um aperto forte no coração, que faiscava alegria e chorava saudade de alguém que tivemos apenas em pensamento.


Talvez se eu lhe dissesse o que realmente penso, esse buraco não seria tão fundo. Talvez o que vem a caminho seja mais uma oportunidade de quebramos a parede construída entre nós. Talvez devêssemos realmente começar de novo e esquecer os as distorções encontradas após tantos anos na mesma estrada. Talvez um dia, ao me livrar de tudo isso que carrego dentro de mim, eu te chame pelo meu nome.

terça-feira, maio 02, 2006

Consolo

haverá risos após a dor?
haverá luz do sol após a chuva?
haverá chão no céu?
haverá colorido para substituir os tons de cinza?
haverá anestesia suficiente para o meu corpo?

haverá paradeiro para nosso desejo?
haverá paraíso sem perder o juízo
e sem morrer?


haverá respostas?


haverá....

terça-feira, abril 25, 2006

Sonhos que semeiam o mundo real

Não consigo distinguir a diferença entre o real e o ilusório. Esse surrealismo constante faz da minha mente confusões, dos meus atos contradições. A sensação é que ainda morrerei de sede em pleno oceano.

Tenho medo das cólicas de alegria, prévias do vazio; das borboletas que insistem em bater asas em meu estômago; do tão difícil minuto seguinte; do riso fingido, escudo de minha fraqueza. Os anjos que me abraçam testam o meu destino e meus pés correm, no escuro, por ruas esburacadas.

Ao mesmo tempo, o barulho feito pelo vento ao soprar por entre árvores faz com que, cada vez mais, eu queira preencher meus pulmões com o olor dessa rosa que me leva para o onde desconhecido. E se é apenas conseqüência dos efeitos químicos, eu peço para que a consciência jamais retorne à lucidez.

O Criador me diz que o poder não corresponde ao querer, e ainda assim, eu quero poder. Desejo, incondicionalmente, segundos do olhar provedor das asas de minha alma sonhadora, que voa pelo acolhedor céu dos seus braços quando mostra-me o eclipse de nossos sorrisos, em uma infinita tela de cinema.


Mas então o dia seguinte chega, o real bate em minha porta, restando-me apenas a espera do próximo sono, tão subestimado pelos que permanecem acordados.

segunda-feira, abril 24, 2006

Sinto, mesmo

Não consigo me lembrar do momento em que você ainda não existia em nossas vidas. Sempre presente em casa o seu rosto fazia-se como alguém da família. A sua alegria e seu sorriso sempre contagiaram os que estavam ao redor, e para mim, ela era nescessária. Mas mesmo assim, por motivo desconhecido, mantivemos uma certa distância que há poucos acabou. Por instantes, vasculhou minha vida, percorreu por minhas terras e me tranquilizou. Fez meu choro sorrir. Porém, ao te dizer que em outras circunstâncias o sol brilharia mais forte, não falava somente de você, mas de mim também. Estamos fixados em tempos diferentes apesar de andarmos pela mesma rua. Infelizmente não consigo controlar meus batimentos impulsivos. Ainda sinto muita falta de ar. Estou aprisionada a uma força maior.

Não te peço apenas desculpas, mas também ajuda.

segunda-feira, abril 17, 2006

Mansas manhãs

Escuro. Sinto o perfume da maresia e ouço o barulho das ondas. O sol do finalzinho da tarde aquece de mansinho o meu rosto e a brisa tenta levar meus cabelos para o longe.

Os olhos se abrem, e se encantam com o horizonte infinito, com o azul das águas que molham meus pés e com a areia branca que escorre pelos dedos de minhas mãos.
Os olhos se abrem, e se encantam com o horizonte do seu sorriso, com o azul da sua roupa e com suas mãos que escorrem pelos dedos das minhas.

Esperamos demais para ler os livros, ouvir as músicas, ver os quadros que irão alargar nossa mente, enriquecer nosso espírito e expandir nossa alma. Espero demais para atravessar os seus lábios à procura do ósculo perfeito. Espero demais para atravessar esse mar. Espero demais...por nada.

Mas é tanto mar.

Meu corpo pede férias em litorais desconhecidos, noites de sono e mansas manhãs com sabor de canela. Meu corpo pede um novo corpo, que não seja opiômano e que não tenha tanta transparência. Com olhos que não lacrimejem tanto com a poeira vinda nos ventos do destino. Com falas sem dizeres e textos sem contextos.

Os olhos se fecham.
Escuro.

quarta-feira, abril 12, 2006

Historicismo

Somos cheios de vidas e nossas vidas são cheias de histórias. Elas passam em nossos caminhos, ficam, mudam o nosso olhar e se vão. Podem ter início, meio e fim. Podem não ter fim, nem meio, nem início.

Nenhuma história acontece isoladamente. Elas estão justapostas como azulejos na parede, estão sobrepostas como pedras no leito do rio, ou simplesmente, se entrecruzam como as linhas do crochê que vovó fazia.

Dona Emília tinha tamanha habilidade com o crochê que fazia colchas lindas, alegrando sempre a casa. Mas muitas vezes a dedicação e o amor dado àquelas peças não as deixavam tão belas quanto ela queria. Então, tranqüilamente, as mãos ja velhas e cansadas desmanchavam o trabalho de tempos.

Queria eu no final da tarde ter o dom de desmanchar as colchas, as linhas, as histórias que não combinaram com o meu quarto. Desconstruir os contos e as fábulas que nos deixam questões, respostas, conhecimentos. Que nos emocionam, alegram, entristecem. Que nos envenenam e nos curam.

Agora vejo no espelho as feridas que elas me deixaram. Estou me acostumando com os curativos. Mas eu queria manter cada corte em carne viva, para que no futuro eu não venha me machucar novamente ao ver uma cicatriz.

Mas não se separa uma história da outra, assim como não se separa a brisa do vendo. O fim de uma, será sempre o início de outra.

quarta-feira, abril 05, 2006

Quero sair desse tempo. Do calendário de ontem. Desses segundos que duram horas, desses ponteiros que se movimentam conforme meus soluços, desse tic tac que acompanha meu coração.

Quero sair dessa alma escrava. Da corrida sem fôlego, do vôo sem asas, do sonho sem sono. Alma que se pesa, descolore, empobrece. Alma que sente, sofre, sangra.

Quero sair da noite. Do escuro que incita minha mente. Do sonambulismo sem fim. Das gotas de orvalho que caem sobre o meu corpo. Dos pedidos à Lua e das estrelas me fitando. Do quente da minha cama, do meu travesseiro molhado.

Quero sair do fundo do mar. Das paredes que me cercam. Dos sapatos sujos. Fugir dos olhos, do reflexo no espelho, das idéias leves e as palavras pesadas. Quero fugir de tantos, tudo, textos. Exilar-me do ninho, do sozinho, do caminho. Sair do céu, da terra, de mim.

segunda-feira, abril 03, 2006

Gosto bom...

Experimentemos os sabores da vida! Ela pode nos fornecer o gosto amargo das angústias a ponto de provocar congestões, mas também pode nos lambuzar com o caramelado das alegrias.
Entre viagens por sabores, descubro que devemos nos temperar, ora com pitadas da afrodisíaca canela, ora com um pouco da apimentada inquietude, ora com o anis que nos traz a tranquilizadora erva-doce.
Joguemos pitadas de sal em nossos caminhos, assim, poderemos aprimorar o gosto de nossas experiências. O colorau para que as cores de nossas vidas sejam apetitosas. A hortelã para refrescar situações adversas e as decisões difíceis. A baunilha para adoçar e aromatizar os pensamentos.
Sábios são os que tem atitudes a base de sabores. Sábios são aqueles que não temperam apenas o paladar, mas também a vida.

quarta-feira, março 29, 2006

Perífrase

Pensamentos sobre mim, sobre você, sobre eles e nós: você me explica das relações do mundo, enquanto eu reparo na sua perna que balança freneticamente; o vento forte nos traz lembranças de longe e me leva, como se eu fosse a folha seca do outono; já não consigo ver meu jardim e sentir o perfume dos girassóis.

Discussões sobre mim, sobre você, sobre eles e nós: você ri do meu riso e eu choro pelas suas aflições; roubaram-me as noites de sono, o chão dos meus pés e o som do meu violão; será que um dia eles foram meus? onde esta minha rosa amarela? será que ela ja foi minha?

Conclusões sobre mim, sobre você, sobre eles e nós: furacões passaram e nada voltará ao normal; é preciso levantar e se sacudir para tirar a poeira que o tempo deixa sobre nossos corpos; não gostar de Platão é fácil, difícil mesmo é ir contra suas teorias; não existe relacionamento se não houver troca; é possível gostar da luz da lua e do calor do sol, mas não se pode ter os dois ao mesmo tempo.

terça-feira, março 21, 2006

In mente

Involuntariamente na memória, o sorriso que outrora me enfeitiçou. Nos pés, a incerteza de continuar caminhar a sua procura. Nas mãos, o suor do nervosismo que me consome. Nos ouvidos, a voz aveludada que me arrepia.

Incontrolavelmente nas pernas, o balançar trêmulo de quem anda em nuvens de incertezas. Na pele, o perfume de anjo que embreaga. No estômago, o gelado que inspira êxtase. No coração, a corrente elétrica que sinto ao te encontrar.

Inconsebivelmente fujo da vertigem provocada pelas palavras que adormecem minha alma, da brasa esperançosa que nunca apaga, dos pensamentos que me fazem rir e chorar.

Incondissionalmente me hipnotizo com seu manso brilho, sua personalidade ímpar e face macia. Entrego-me à agonia de continuar nas margens do infinito e à alegria de não me curar de você.

quinta-feira, março 16, 2006

Entreveros

O asfalto queima os pés e esconde meus mistérios.
Os arranha-céus bloqueiam o sol e deixam-me pequenina.
As ruas se cruzam, assim como as pessoas. Eu me vejo em paralelas.
As parabólicas captam meus desejos mas a televisão continua fora do ar.
A névoa toma conta dos meus tormentos.
As placas dizem e eu me calo.
As luzes dos carros iluminam as ruas e me cegam.
Excesso nas marginais. Falta em mim.
A rádio pirata tenta a inclusão na frequência. Eu também.
Árvores buliçosas deixam cair folhas secas sobre o meu corpo, que cria raízes.
Olhares eletrônicos me perseguem, mas não me encontram.
Janelas não revelam o lado de lá. O lado de cá ninguem quer ver.
Em suas redes, varandas guardam solidão à dois.
Os quadros descolorem e eu não acho a aquarela.
As paredes são rebocadas e a minha pele se despedaça.
Há sinalização de velocidade máxima e eu corro sem me preocupar com a curva.
Minhas costas doem e eu resisto aos efeitos químicos.
Me enlouqueço calmamente.

O dia se renova todo dia. Eu envelheço cada dia e cada mês.
O mundo passa por mim todos os dias. Enquanto eu passo pelo mundo uma vez.

segunda-feira, março 13, 2006

Desconhecidos

Achamos que as conhecemos, mas no tropeço do destino vemos que somos rodeados de pessoas estranhas. Sinto como se meus olhos fossem de vidros grossos pois enxergo rostos embaçados. As mãos gosmentas seguram meus braços e as vozes irregulares gritam meu nome pelas ruas tortas.

Os olhos vermelhos tentam esconder a angústia do desapontamento. O coração é atingido por flechas ponteagudas repletas de veneno. Os pés estão cobertos de aranhas. As unhas caem. Os seios murcham. Os gritos de silêncio, ninguém escuta. Os transparentes ematomas, ninguém vê. As secas lágrimas, ninguém sente.

Necessito dos braços da minha família e sentir o afeto dos meus amigos. Quero ver rostos conhecidos e mãos quentes.

sexta-feira, março 10, 2006

Lembranças

O dia amanheceu cinza, o céu desabava em prantos, o transito estava parado e o farol fechado. Vi pela janela do carro a chuva que molhava os pés do garoto e a senhora que corria para se proteger. Desliguei o rádio pois não aguentava mais os ruídos da estação que ficava o tempo todo fora do ar. Foi quando escutei lá longe um som diferente. Vi então de roupas simples andando na chuva, o flautista que tocava uma canção alegre nos trazendo a impressão de que o sol ali brilhava ha tempos.

Por razões desconhecidas, aquela música me fez lembrar de quando andávamos no Ribeirão da Ilha. Ah! Que saudade daquele mar azul no qual nascia o dia. Saudades daquela areia branca onde passávamos o fim da tarde ouvindo o som das cordas do seu violão se misturando com a voz áspera daquele senhor, que cantava tão bem Velha Guarda da Portela. Amava aquela música, principalmente quando no som você colocava bem baixinho para me acordar de manhã. Junto à ela, ouvia aquele sotaque carioca te chamando para tomar Nescau. Sinto falta daquela risada gostosa insistindo que comecemos o "raio da raia".

Enquanto o filme passava pela minha cabeça, meus ouvidos escutavam a nossa trilha sonora. Nem sei dizer quantas músicas cantamos juntos. Desde aquele natal não conseguiamos parar de cantar. Era no sofá, no trânsito, na praia, no parque, na cozinha e até no tributo. Você tinha o dom de cantar e me encantar. Falava de minhas pernas para me deixar corada. Cantava B&M para me provocar. Alugava filme triste para que lágrimas de emoção caissem dos meus olhos.

As solitárias risadas que eu tinha naquele momento foram interrompidas pela mão na buzina do mal humorado. Não existia mais flautista, mas lá atrás da nuvem, ainda pouco tímido, o arco-íris começava a colorir o céu e o meu dia também.

quarta-feira, março 08, 2006

Deixe...

Eu olho para sua nuca e você finge que não estou ali. Conto meus segredos para o travesseiro pois você faz como se não fosse do meu mundo. Vejo-o como miragem no deserto e não consigo te alcançar.
Ah! Por favor, abra seu coração. Sinta o perfume das rosas. Deixe o rio do sentimento fluir. Esqueça os pensamentos ruins e ria do fato de não saber o que é certo e errado. Deixe-me conhecer os seus mistérios. Voe comigo. Me segure. Veremos desenhos nas nuvens e a noite contaremos as estrelas ouvindo o vento que soprará canções. Saia desse labirinto da mente e venha ver o pássaro com uma folha na boca. Faça-me carinho. O coração é um broto que floresce rápido em meio ao chão pedregoso. Dance comigo. Seja razão da minha insônia. Me beije. Eleva-me ao paraíso. Vamos descobrir um ao outro. Olhe pra mim com o seu sorriso maroto. Cochichemos besteiras. Sonhemos juntos.

Deixe que o tempo cure. Deixe que o beijo dure.

segunda-feira, março 06, 2006

"Ai se sêsse" de Zé da Luz

Se um dia nois se gostasse
Se um dia nois se queresse
Se nois dois se empareasse
Se juntim nois dois vivesse
Se juntim nois dois morasse
Se juntim nois dois drumisse
Se juntim nois dois morresse
Se pro céu nois assubisse
Mas porém acontecesse de São Pedro não abrisse
a porta do céu e fosse te dizer qualquer tolice
E se eu arriminasse
E tu cum eu insistisse pra que eu me arresolvesse
E a minha faca puxasse
E o bucho do céu furasse
Tavés que nois dois ficasse
Tavés que nois dois caisse
E o céu furado arriasse e as virgi toda fugisse

quinta-feira, março 02, 2006

Aos poucos

São tantas histórias. Tantos pensamentos. São frases, orações, palavras, sílabas e letras. Pensei que se continuasse naquele ritmo minha alma implodiria.

Meu jardim começa a descolorir e a terra a secar. Minha rosa amarela ja não mais se destaca dentre as demais. Olhei então para frente e vi que a estrada estava se acabando e meu chão desapareceria. Foi então que saltei.
Fechei os meus olhos com toda a força e num instante, sem momento de partida, pulei deixando que o vento me levasse para onde quisesse. Exilei-me de mim mesma. Senti o ar entrando em meus pulmões. Conheci o céu, pulei nas nuvens e conversei com os pássaros que me acompanhavam.

Por força desse destino, anoiteceu e a minha amiga Lua não estava lá. Era fatal que o faz-de-conta terminasse assim. Tive que descer. Decidi então que ao colocar os pés no chão caminharia devagar, respirando profundamente, passo a passo, letra a letra, pensamento a pensamento. É tão pouco, é muito louco, ser flor e pedra no caminho, sofrer, gemer, quase em silêncio. Mas não morderei mais meu travesseiro com o grito. Estou abrindo a janela desse trem para ver a casa na colina.

terça-feira, fevereiro 21, 2006

Semente da contradição

A inconstância me incita à fuga. Mas quando o perfume da rosa amarela preenche os meus pulmões, fico a pensar como é bom ficar deitada nesse jardim. É tão rico quanto o por do sol, tão gostoso quanto sorvete de flocos, tão tranqüilo quanto o sono profundo da criança. É ingênuo e malicioso. Eletrizante e calmo. Prazeroso e torturante. É prosa, poesia, doce e amargo. É eterno, mas dura tão pouco.

Ilusório é a vontade de querer sentir sempre esse aroma misterioso. Regar a semente plantada em mim. Suspirar esse arco-íris para colorir meu coração.

"Eu sou erva daninha porque tu és a minha raiz".

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Velha Infância

O uniforme azul, a distante quadra, os cochichos na capela, as risadas durante a aula, o hino de quinta, as filas de classes, o famoso "cobrir". As músicas cantadas, o dia do livro, a pizza brotinho, a saia longa, Tia Cidinha. As aulas de Religião, a loira do banheiro, a casal da 8ª série, e os celinhos no recreio.
Relembramos, reencontramos, reconhecemos e revivemos momentos especiais. Momentos que ficarão na memória de cada criança grande que por instantes intensos experimentou ter as velhas lembranças, os velhos amigos e a velha infância.
Que venham mais momentos desses...

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Enquanto houver um oceano entre nós...

...saio do banho, deito-me em minha cama e sinto o perfume dos girassóis que nascem em minha volta. Meus cabelos molham o travesseiro enquanto a toalha enxuga o meu corpo. Em meio à escuridão, respiro fundo e tento achar seu rosto na minha alma. A Lua, minha amiga, atende meu pedido e entra pela janela iluminando você, a rosa amarela que tanto quero no meu jardim. Rendo-me então à adrenalina que percorre pelo meu corpo e deixo você conhecer o meu íntimo. Entre pele, mãos, pernas, abraços e beijos, falamos bobagens e rimos um do outro. No seu colo adormeço com a esperança de acordar com seus beijos, e ao contorcer-me de preguiça nos seus braços, você me diz com a voz sonolenta, "bom dia!".

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Me aquecendo

Nesta manhã fria, tomando meu chá, fico a pensar, como é bom amar, instigar, delirar, sem se preocupar, com o que irão pensar.
Assim como Os Sonhadores que correm pelo Louvre, fazer com que nossas ações sejam o reflexo de paixões inquietas. Inspirar-se ao som de Doors, Dylan, Hendrix e Janis Joplin, dicutindo se Keaton é melhor que Chaplin. Amar, sem medo de amar. Sem distinguir cor, idade, sexo. Sem se preocupar com a razão, com o porque, com o início ou o fim. Simplesmente amar.
Assim me aqueço nessas manhãs frias, com uma mistura de pensamentos, músicas, sonhos, filmes, amores e chá.

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Amores pro resto da vida!



Companhia, paz, alegria, esperança, conforto, harmonia, sinceridade, alma, emoção, risada, paixão, vinhos, espírito, paciência, momentos, carinho, especial, felicidade, humor, criança, saudade, reflexão, virtude, destino, sucesso, liberdade, cinema, juventude, filosofia, beijo, sonho, gratidão, confiança, conselheiro, beleza, expressivo, abraço, necessidade, sorriso, vida, amor, amizade.
Palavras pequenas perto do que eles significam para mim.

terça-feira, fevereiro 07, 2006

Só de sacanagem de Elisa Lucinda

Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta a prova???
Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu dinheiro, do nosso dinheiro, que reservamos duramente pra educar os meninos mais pobres que nós, pra cuidar gratuitamente da saúde deles e de seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais...

Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem pra aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz. Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, de minha mãe, minha avó e dos justos que os precederam: 'não roubarás', 'devolva o lápis do coleguinha!', 'esse apontador não é seu, meu filho'.

Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear, mais honesta ainda eu vou ficar, só de sacanagem. Dirão: 'deixa de ser boba, desde Cabral, que aqui todo mundo rouba'. Eu vou dizer: 'não importa, será esse meu carnaval, vou confiar mais e outra vez'. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo, a gente consegue ser livre, ético e o escambau!

Dirão: 'é inútil, todo mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal'.
E eu direi: 'não admito, minha esperança é imortal, e eu repito, ouviram?: I-M-O-R-T-A-L!'
Sei que não dá pra mudar o começo, mas se a gente quiser, vai dar pra mudar o final.

domingo, fevereiro 05, 2006

Entre letras e pensamentos

Lembro de ter segurado a minha mão, de ter me dado um sorriso lindo e um beijo perfumado no rosto. Me perguntava "quem era?" e as respostas me fizeram concluir que o paradeiro dos meus desejos estava naqueles castanhos olhos que me hipnotizavam.
Estranho era gostar tanto daquele all star azul. Daquele momento em diante, comecei a pensar que os meus olhos precisavam ter mais atenção com as coisas que Deus tinha colocado em meu caminho. Cheguei a conclusão que talvez aquele all star azul combinasse com o meu preto de cano alto.
Pedi para que guardasse o segredo que o queria, e que me contasse os dele somente para mim, mas ele continuava a passar pela minha janela unica e exclusivamente para me instigar. Em desânimo, mas não desistência, decidi deixar a nuvem passar com a esperança de que um dia ele reparasse em mim. Ironicamente, nesse mesmo instante a minha estrela brilhou, e com o espírito de uma garota de 15 anos, senti minhas mãos transpirando e pernas tremendo.
Enquanto estou a misturar pensamentos com letras de música, sei que por diversos motivos tenho que manter os meus pés no chão, mas é difícil descer após ter conhecido o céu. Só espero que ele ainda queira saber de onde eu vim, pra onde vou e que estou aqui.

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

Anjo

Gastei todo seu tempo esperando por aquela segunda chance, por uma mudança que resolveria tudo. Sempre há um motivo para não se sentir bom o bastante, e confesso que é difícil no fim do dia.

Eu preciso de alguma distração. Uma perfeita liberação. A lembrança vaza de minhas veias. Deixe-me vazia, sem peso e talvez eu encontrarei alguma paz esta noite.

Nos braços de um anjo, quero voar para longe daqui. Fugir deste escuro e frio quarto de hotel e da imensidão que temo. Quero ser arrancada das ruínas desse meu devaneio silencioso. Quero nos braços de um anjo, encontrar o conforto.

Tão cansada de seguir em frente e para todo lugar que eu me viro e vejo que existem abutres e ladrões nas minhas costas. A tempestade continua se retorcendo e eu continuo construindo a mentira, que eu invento para tudo que me falta. É apenas mais uma válvula de escape. É mais fácil acreditar nesta doce loucura. Talvez essa gloriosa tristeza que me faz reconhecer a derrota.

Mas nos braços de um anjo, quero encontrar o conforto.

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

O motivo...

Por que será que cheguei até aqui? Talvez a resposta dessa pergunta esteja nos meus pensamentos que me levam a loucura, que lançam sobre as minhas cordas vocais uma imensa vibração a espera de um grito. Pensamentos dos quais tentam impulsionar certas palavras, que por sua vez, aguardam o tempo exato para falar de coisas minhas, que talvez ninguém queira ouvir.
Pois aqui estou, a procura de um canto onde eu possa colocar as cartas que eu não mandei, os poemas que não li, onde eu possa gritar para me aliviar, cantarolar para espantar os males, chorar por chorar, rezar, fugir, fingir, desejar, desabafar, infernizar, dissimular, morrer.