terça-feira, fevereiro 21, 2006

Semente da contradição

A inconstância me incita à fuga. Mas quando o perfume da rosa amarela preenche os meus pulmões, fico a pensar como é bom ficar deitada nesse jardim. É tão rico quanto o por do sol, tão gostoso quanto sorvete de flocos, tão tranqüilo quanto o sono profundo da criança. É ingênuo e malicioso. Eletrizante e calmo. Prazeroso e torturante. É prosa, poesia, doce e amargo. É eterno, mas dura tão pouco.

Ilusório é a vontade de querer sentir sempre esse aroma misterioso. Regar a semente plantada em mim. Suspirar esse arco-íris para colorir meu coração.

"Eu sou erva daninha porque tu és a minha raiz".

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Velha Infância

O uniforme azul, a distante quadra, os cochichos na capela, as risadas durante a aula, o hino de quinta, as filas de classes, o famoso "cobrir". As músicas cantadas, o dia do livro, a pizza brotinho, a saia longa, Tia Cidinha. As aulas de Religião, a loira do banheiro, a casal da 8ª série, e os celinhos no recreio.
Relembramos, reencontramos, reconhecemos e revivemos momentos especiais. Momentos que ficarão na memória de cada criança grande que por instantes intensos experimentou ter as velhas lembranças, os velhos amigos e a velha infância.
Que venham mais momentos desses...

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Enquanto houver um oceano entre nós...

...saio do banho, deito-me em minha cama e sinto o perfume dos girassóis que nascem em minha volta. Meus cabelos molham o travesseiro enquanto a toalha enxuga o meu corpo. Em meio à escuridão, respiro fundo e tento achar seu rosto na minha alma. A Lua, minha amiga, atende meu pedido e entra pela janela iluminando você, a rosa amarela que tanto quero no meu jardim. Rendo-me então à adrenalina que percorre pelo meu corpo e deixo você conhecer o meu íntimo. Entre pele, mãos, pernas, abraços e beijos, falamos bobagens e rimos um do outro. No seu colo adormeço com a esperança de acordar com seus beijos, e ao contorcer-me de preguiça nos seus braços, você me diz com a voz sonolenta, "bom dia!".

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Me aquecendo

Nesta manhã fria, tomando meu chá, fico a pensar, como é bom amar, instigar, delirar, sem se preocupar, com o que irão pensar.
Assim como Os Sonhadores que correm pelo Louvre, fazer com que nossas ações sejam o reflexo de paixões inquietas. Inspirar-se ao som de Doors, Dylan, Hendrix e Janis Joplin, dicutindo se Keaton é melhor que Chaplin. Amar, sem medo de amar. Sem distinguir cor, idade, sexo. Sem se preocupar com a razão, com o porque, com o início ou o fim. Simplesmente amar.
Assim me aqueço nessas manhãs frias, com uma mistura de pensamentos, músicas, sonhos, filmes, amores e chá.

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Amores pro resto da vida!



Companhia, paz, alegria, esperança, conforto, harmonia, sinceridade, alma, emoção, risada, paixão, vinhos, espírito, paciência, momentos, carinho, especial, felicidade, humor, criança, saudade, reflexão, virtude, destino, sucesso, liberdade, cinema, juventude, filosofia, beijo, sonho, gratidão, confiança, conselheiro, beleza, expressivo, abraço, necessidade, sorriso, vida, amor, amizade.
Palavras pequenas perto do que eles significam para mim.

terça-feira, fevereiro 07, 2006

Só de sacanagem de Elisa Lucinda

Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta a prova???
Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu dinheiro, do nosso dinheiro, que reservamos duramente pra educar os meninos mais pobres que nós, pra cuidar gratuitamente da saúde deles e de seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais...

Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem pra aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz. Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, de minha mãe, minha avó e dos justos que os precederam: 'não roubarás', 'devolva o lápis do coleguinha!', 'esse apontador não é seu, meu filho'.

Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear, mais honesta ainda eu vou ficar, só de sacanagem. Dirão: 'deixa de ser boba, desde Cabral, que aqui todo mundo rouba'. Eu vou dizer: 'não importa, será esse meu carnaval, vou confiar mais e outra vez'. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo, a gente consegue ser livre, ético e o escambau!

Dirão: 'é inútil, todo mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal'.
E eu direi: 'não admito, minha esperança é imortal, e eu repito, ouviram?: I-M-O-R-T-A-L!'
Sei que não dá pra mudar o começo, mas se a gente quiser, vai dar pra mudar o final.

domingo, fevereiro 05, 2006

Entre letras e pensamentos

Lembro de ter segurado a minha mão, de ter me dado um sorriso lindo e um beijo perfumado no rosto. Me perguntava "quem era?" e as respostas me fizeram concluir que o paradeiro dos meus desejos estava naqueles castanhos olhos que me hipnotizavam.
Estranho era gostar tanto daquele all star azul. Daquele momento em diante, comecei a pensar que os meus olhos precisavam ter mais atenção com as coisas que Deus tinha colocado em meu caminho. Cheguei a conclusão que talvez aquele all star azul combinasse com o meu preto de cano alto.
Pedi para que guardasse o segredo que o queria, e que me contasse os dele somente para mim, mas ele continuava a passar pela minha janela unica e exclusivamente para me instigar. Em desânimo, mas não desistência, decidi deixar a nuvem passar com a esperança de que um dia ele reparasse em mim. Ironicamente, nesse mesmo instante a minha estrela brilhou, e com o espírito de uma garota de 15 anos, senti minhas mãos transpirando e pernas tremendo.
Enquanto estou a misturar pensamentos com letras de música, sei que por diversos motivos tenho que manter os meus pés no chão, mas é difícil descer após ter conhecido o céu. Só espero que ele ainda queira saber de onde eu vim, pra onde vou e que estou aqui.

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

Anjo

Gastei todo seu tempo esperando por aquela segunda chance, por uma mudança que resolveria tudo. Sempre há um motivo para não se sentir bom o bastante, e confesso que é difícil no fim do dia.

Eu preciso de alguma distração. Uma perfeita liberação. A lembrança vaza de minhas veias. Deixe-me vazia, sem peso e talvez eu encontrarei alguma paz esta noite.

Nos braços de um anjo, quero voar para longe daqui. Fugir deste escuro e frio quarto de hotel e da imensidão que temo. Quero ser arrancada das ruínas desse meu devaneio silencioso. Quero nos braços de um anjo, encontrar o conforto.

Tão cansada de seguir em frente e para todo lugar que eu me viro e vejo que existem abutres e ladrões nas minhas costas. A tempestade continua se retorcendo e eu continuo construindo a mentira, que eu invento para tudo que me falta. É apenas mais uma válvula de escape. É mais fácil acreditar nesta doce loucura. Talvez essa gloriosa tristeza que me faz reconhecer a derrota.

Mas nos braços de um anjo, quero encontrar o conforto.

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

O motivo...

Por que será que cheguei até aqui? Talvez a resposta dessa pergunta esteja nos meus pensamentos que me levam a loucura, que lançam sobre as minhas cordas vocais uma imensa vibração a espera de um grito. Pensamentos dos quais tentam impulsionar certas palavras, que por sua vez, aguardam o tempo exato para falar de coisas minhas, que talvez ninguém queira ouvir.
Pois aqui estou, a procura de um canto onde eu possa colocar as cartas que eu não mandei, os poemas que não li, onde eu possa gritar para me aliviar, cantarolar para espantar os males, chorar por chorar, rezar, fugir, fingir, desejar, desabafar, infernizar, dissimular, morrer.