segunda-feira, março 05, 2007

um sonho




No cinzeiro, cheio de palavras acinzentadas esfumaçam as desculpas que eu tento acreditar, mas que não enchem meus pulmões. A mente consegue ser mais prejudicial à saúde do que qualquer venenoso nicótico absorvido pelo meu corpo. Ela me leva muito mais além das explicações de nossos atos.

mais um trago.

No copo, mexo com os dois dedos o gelo que revela ser incapaz em tal ardente bebida. Oculto as lembranças com cápsulas de amnésias que engulo, diariamente, entorpecendo a falta do que nunca tive, do que nunca vi e nem senti. Adormecendo a saudade dos tempos não vividos.

mais um gole.

No quarto, quisera eu matar minha sede. Sede da qual eu teria que me afogar primeiro para saciá-la. Enquanto isso, nado em meu pranto que deságua sob o travesseiro e rezo, para que os ventos sejam cautelosos enquanto estiver andando de pé em pé, nessa corda banda, sem rede de proteção, a procura inútil de me reencontrar.


mais um sonho.