quarta-feira, julho 26, 2006

Dunas de mim

Entre o inverno e a primavera
as cores permanecem confusas.
Não me acostumo com a temperatura
das minhas mãos pálidas, trêmulas, sujas.
Talvez esteja eu de pessoas cercada
e ainda assim, sozinha me sinta.
Talvez esteja eu em seu sopro de verão
e ainda sim, outono viva.

sexta-feira, julho 21, 2006

Carta

Composição: Vanessa da Mata

Ando nas ruas do centro
Estou lembrando tempos
Enquanto lhe vejo caminhar

Aguando a calçada
Um barbeia um velho
Deita a noite e diz poesia (serenata)

Vinho enquanto ouve choro costurar
Passei em casa, seu Zé não estava
Memórias Senhor Brás Cubas Postumavam
Enquanto vi passar Helena pra casa de chá

Devagar, bonde na praça
Ainda borda delicadeza
Torna a gente
Banca de flores
Libertando sorrisos no ar

quarta-feira, julho 12, 2006

Vecchi

Colorido. Da terra vermelha nos meus pés pálidos. Do verde nos meus castanhos olhos. Do riacho azul no transparente desejo.

Revi irmãos de sangue, de nome, de alma, de verso, de sorrisos e de conversa. Eles cresceram e me mostraram que apesar de terras distantes estamos próximos, sempre.

Do timbre italiano ouvi histórias, causos, boatos. Saudades. Como você cresceu. Deus lhe abençoe.

Voltei. Diferente de mim. Não eu ontem, nem hoje, aqui, sou e era. Volto eles. Volto suas histórias. Volto sotaque pesado. Volto Vecchi.

segunda-feira, julho 03, 2006

Te respondo me

Quem sois vós?
Que tens o barulho paralisante nesse silêncio ensurdecedor
Que transpira sabores pondo em meu rosto, imagem do ardor
Que faz de minha insanidade, fantasia de beija-flor

Quem sois vós?
Que se vestiu na cor brilhante do inverno e de mim, se escondeu
Que no jardim deixou um pedaço de papel, à espera de um rabisco meu
Que foi o efêmero reflexo dos meus olhos, quando viram o rosto teu

Quem sois vós?
Que me mostra o oásis de nós dois, num sonolento sussurro na manhã
Que desfila respostas diversas, enquanto escondo questões no divã
Que gira na grande ciranda, tornando-se suspensão de minha mente sã

Quem sois vós?
Que é vindo da elevação da maré, em meio ao sopro da canção
Que me olha no sobrevôo pela noite fria, a me aquecer na escuridão
Que tens em teu tesouro a pequena voz resumida na sua imensidão

Em ti, quadriculados pedaços de mim
Gritos sem lógica; perda de voz
Em mim, o olhar sobre o mesmo jardim
Sem descobrir, quem sois vós?