segunda-feira, setembro 17, 2007

Tudo novo de novo

Na procura de uma outra fonte, de um outro caminho, novamente o sol brilhou, como se fosse a primeira vez que entrara em meu quarto. E assim, como o seu nascer, canalizou-me o novo. A chuva parou e eu comecei a correr em volta do mundo, acompanhada por suas asas, minha linda borboleta.



Deixe-me ir.
Deixe-me livre.
Um dia eu volto para esse chão frio, à espera de um novo convite do Sol.

quarta-feira, junho 20, 2007

Teatrando

Andando pelos palcos da vida, eu me transformo naquela, naquele, em outras, em uma descobridora das letras contidas desse infindo alfabeto. E assim, continuo a interpretar todas as imagináveis personagens à procura deu ideal cenário, para contracenar com o silêncio.

Com as máscaras nifas deixadas de lado, sou eu, me teatrando, compactamente expansiva, distribuindo aos que me assiste perfumes da mais concentrada essência de mim. Enfim, estou em cena.

Contracene então comigo, coro desfrutador de meus semeados sonhos, e descubra comigo, na mais alta nuvem de algodão, que somos tão iluminastes do que o sol. Apague o refletor.

Tudo isso porque, sim, eu finjo que acredito nas histórias que invento. As cortinas estão apenas se abrindo.

segunda-feira, abril 16, 2007

Sorria...

...você esta sendo filmado.
Seja bonito, conquiste pessoas.
Eu vou bem e você?
Diga "xis"!
Aplausos!

Somos sorrisos idealizados em porta retratos. Se retirarmos o pó dos reflexos distorcido trancados no velho álbum, causamos desconforto. Não há interesse algum em invadir nossos poros, estabelecendo maior contato. O que lêem, em nós, são apenas fragmentos de frases soltas por páginas em branco, e que são lidas em ordens aleatórias, de acordo com o interesse.

Sejamos então peças decorativas. Falaremos então frases feitas para rodas sociais, com doses pitorescas e engraçadas, agradando assim toda a corte.

Sozinha, brindo ao silêncio de desgosto esculpido num sorriso.

segunda-feira, março 05, 2007

um sonho




No cinzeiro, cheio de palavras acinzentadas esfumaçam as desculpas que eu tento acreditar, mas que não enchem meus pulmões. A mente consegue ser mais prejudicial à saúde do que qualquer venenoso nicótico absorvido pelo meu corpo. Ela me leva muito mais além das explicações de nossos atos.

mais um trago.

No copo, mexo com os dois dedos o gelo que revela ser incapaz em tal ardente bebida. Oculto as lembranças com cápsulas de amnésias que engulo, diariamente, entorpecendo a falta do que nunca tive, do que nunca vi e nem senti. Adormecendo a saudade dos tempos não vividos.

mais um gole.

No quarto, quisera eu matar minha sede. Sede da qual eu teria que me afogar primeiro para saciá-la. Enquanto isso, nado em meu pranto que deságua sob o travesseiro e rezo, para que os ventos sejam cautelosos enquanto estiver andando de pé em pé, nessa corda banda, sem rede de proteção, a procura inútil de me reencontrar.


mais um sonho.

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Mascarados

Deságua sobre nossos corpos, desprovidos de trancas e travas, a solidão de pequena criança. Nos colorimos de confetes como num sonho bom. Saímos em direção à rua procurando nossas retas, ouvindo outras trovas, olhando nossos trovões. Nos estreitamos em cantos poéticos e flutuamos pelos céus de outras bocas.

Mas é carnaval não me diga mais quem é você. Amanhã, tudo volta ao normal. Deixe a festa acabar; deixe o barco correr; deixe o dia raiar que hoje eu sou da maneira que você me quer.

O que você pedir eu lhe dou.

Seja você quem for,

seja o que Deus quiser.

sexta-feira, janeiro 05, 2007

"Só sei que nada sei"

Na minha caminhada, deparo-me com essas mesmas questões que corroem, diariamente, as algemas da ilusão. Quisera eu ter respostas científicas que pudessem saciar as inquietudes da vida. Mas não, sou apenas eu, sozinha com meus vícios....menos o teu. Vícios que alimentam meus pensamentos estrelares, o meu ininterrupto querer, minhas emoções, meus sentidos, meu fôlego, eu mesma. Penso se te verei amanhã ou algum dia; se conhecereis seu rosto; se reconhecereis sua brisa; se chegarei ao seu horizonte. Ainda assim, deixo minhas palavras escreverem soltas pelas suas entrelinhas. Abro outra garrafa. Acendo outro cigarro.

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Como maresia

Assim, aos poucos, devagar. Andando nas pontas dos pés para não me acordar. Silenciosamente invade meus sentidos fluindo-me arrepios. Seja quando estas sol no azul do céu ou lua no azul do mar, como maresia, mergulhas em meus poros fazendo de mim sua poesia.

Gosto assim. Gosto do seu gosto, do seu cheiro, do seu jeito. Gosto do que me tornas ao seu lado.

quarta-feira, novembro 22, 2006

Nosso avesso

Enquanto sou água, você é terra.
Eu sou música, você dança.
Eu castanho, você azul.
Eu mar, você rio.
Eu caminho, você desvio.
Eu clave de sol, você de fá.
Eu tudo, você detalhe.
Se vôo livre no seu ar, você enrosca preso aos meus pés.
Se me bebes vinho sangue, te toco água cristalina.

Eu não sou da sua rua,
Eu não falo a sua língua,
Minha vida é diferente da sua.
Estou aqui de passagem.
Esse mundo não é seu.

segunda-feira, novembro 13, 2006

Por linhas tortas

O telefone tocou e seu singular nome apareceu. Nos reencontramos; nos revivemos. Naquela noite sorrimos um o sorriso do outro. Choramos no dia seguinte.

Eu não esperava você surgir com traços tão fortes. Sentou-se ao meu lado e respirou o mesmo ar pesado que eu. Entre aflições, descobri você. Dormia sabendo que ao acordar após pesadelo, você estaria ali: cantando-me carinho; lendo-me força.

Nos revelamos nus, muito mais do que peças de roupas. Fomos mãos, colo, conversa, homem e mulher.

Entreveros, sou eu agora que velo seu sono. Ao seu lado, procuro tua freqüência e aguardo teu desabafo, mesmo que silencioso. Caminhamos um pouco, recolhemos flores no asfalto, e eu vejo-te sorrindo novamente.

Sei que não posso reconstruir seu chão que sei foi, mas posso em seu caminho florescer conforto. Se me permetires, enquanto procuras sua referência, serei estrela brilhante de noite escura; sopro primavera neste inverno rígido.

quarta-feira, outubro 18, 2006

Novas fotografias

Que bom que estas aqui. Vamos, sente-se ao me lado. Aproveite o canto colorido dos pássaros e venha pousar no meu jardim. O tempo já não tem medida, assim com nossa pulsação, nosso cheiro, nosso gosto. Somos nesse instante o hoje, o ontem e o amanhã.

Veja, ja se hipnotiza pelo sol que começa a se esconder atrás do horizonte. Não se preocupe, pois a lua esta por vir e não nos deixará sozinhos. Se o medo vier, destrua as paredes de seu castelo e expectores o que no peito sentes. Amanhã, seremos um novo refrão.

Ela vem e embalados pela majestosa beleza, somos desprovidos de palavras. Trocamos pequenos relicários com traduções de nossas fotografias. Somos emaranhados pela despedida da estrela e aguardamos o seguir planetário natural a nos cintilar.

sexta-feira, outubro 06, 2006

Erros

Muito mais que um rasuro. São calcados traços que jamais serão apagados nessa história. Mas, encontraremos sempre imperfeições em nossa estrada. Então, dirigimos a velocidade da noite, inteira, buscando os faróis que indicam o caminho do nosso verão. O som alto revela minha música preferida. Sua pulsação a recompõe.

Procuramos um abrigo, um conforto, onde não haja tantas lapidações. Onde possamos sentir medo, sem medo. Penso então que se houvesse oportunidade de voltar atrás, talvez eu cometeria os mesmos erros, somente para vê-lo novamente me fazer rir enquanto choro em seu colo.

Nos esquecemos ao amanhecer o dia.

segunda-feira, setembro 25, 2006

Festejei-nos

A roda do vestido vermelho que gira no seu céu
Incendeia os olhos castanhos que me fitam
E no aguardo da sua chuva de água morna
Cobiço que me clausures em nossas festa

terça-feira, setembro 05, 2006

Vil e Vã

Transformei-me em vulto humanizado; volúvel e adaptável. No labirinto da vida deparei-me com a ultrapassagem dos limites surreais. Na turbulência introspectiva observei mudanças visuais e sensitivas. Fiz súplicas entre loucura e lucidez.
O desconforto claustrofóbico da infinita branquidão perdeu minhas arestas. O desvio de minhas areias, reveladas pelo alvoroçado vento, perdeu meus rastros. As pegadas foram-se embora. As lembranças se eternizam em meu sorriso seco.
Sobrevivente a mim mesma, continuarei a molhar o lenço que me deste. Ora voltarei a página marcada por dobradiças; ora olharei a estrela luzente sempre em mim; ora pedirei perdão. E por mais que me formem brilhantes teorias e crenças eu as transformarei em pensamentos corrosivos, e dessa ferrugem maldita sairão bolhas de sabão com dizeres: "e se..."

segunda-feira, agosto 14, 2006

Ela

que encontro todos os dias de manhã em frente ao espelho. Ela que tenta me lembrar do sonho da noite anterior enquanto escovo meus dentes. Ela que, ao me ver suspirar fechando pálpebras, repara em olheiras dizendo: você não precisa dormir mais, e sim melhor. Ela que compõe um novo samba para mim, todos os dias.

Ela não me da respostas, não apaziguadoras, ao contrário, me produz novas perguntas. Em diálogo mudo me diz que é preciso ter a necessidade do mal para sentir o bem; da noite para se admirar a luz; da doença para apreciar a saúde. Ela que é espectadora de mim e fica ali comigo, diariamente, trocando espinhas por marcas de expressão. Que conhece cada cicatriz do meu corpo e da minha alma e que, por isso, cria nós em nossa relação.

Ela que com sorriso familiar desabrocha minha autobiografia não autorizada.

segunda-feira, agosto 07, 2006

Sardas

Remo nessa terrena marinha procurando sua margem. Na pontuada lembrança de pétalas perfumadas percorrendo pelo braile da minha pele, lendo-me corpo, desejo e sardas. E quando durmo, sonho-te. Quando me calo, escuto-te. Quando paro, danço-te. Quando me perco, encontro-te.

E tu, continuas
a me olhar com seus faiscantes diamantinos

e me lapidar.

quarta-feira, julho 26, 2006

Dunas de mim

Entre o inverno e a primavera
as cores permanecem confusas.
Não me acostumo com a temperatura
das minhas mãos pálidas, trêmulas, sujas.
Talvez esteja eu de pessoas cercada
e ainda assim, sozinha me sinta.
Talvez esteja eu em seu sopro de verão
e ainda sim, outono viva.

sexta-feira, julho 21, 2006

Carta

Composição: Vanessa da Mata

Ando nas ruas do centro
Estou lembrando tempos
Enquanto lhe vejo caminhar

Aguando a calçada
Um barbeia um velho
Deita a noite e diz poesia (serenata)

Vinho enquanto ouve choro costurar
Passei em casa, seu Zé não estava
Memórias Senhor Brás Cubas Postumavam
Enquanto vi passar Helena pra casa de chá

Devagar, bonde na praça
Ainda borda delicadeza
Torna a gente
Banca de flores
Libertando sorrisos no ar

quarta-feira, julho 12, 2006

Vecchi

Colorido. Da terra vermelha nos meus pés pálidos. Do verde nos meus castanhos olhos. Do riacho azul no transparente desejo.

Revi irmãos de sangue, de nome, de alma, de verso, de sorrisos e de conversa. Eles cresceram e me mostraram que apesar de terras distantes estamos próximos, sempre.

Do timbre italiano ouvi histórias, causos, boatos. Saudades. Como você cresceu. Deus lhe abençoe.

Voltei. Diferente de mim. Não eu ontem, nem hoje, aqui, sou e era. Volto eles. Volto suas histórias. Volto sotaque pesado. Volto Vecchi.

segunda-feira, julho 03, 2006

Te respondo me

Quem sois vós?
Que tens o barulho paralisante nesse silêncio ensurdecedor
Que transpira sabores pondo em meu rosto, imagem do ardor
Que faz de minha insanidade, fantasia de beija-flor

Quem sois vós?
Que se vestiu na cor brilhante do inverno e de mim, se escondeu
Que no jardim deixou um pedaço de papel, à espera de um rabisco meu
Que foi o efêmero reflexo dos meus olhos, quando viram o rosto teu

Quem sois vós?
Que me mostra o oásis de nós dois, num sonolento sussurro na manhã
Que desfila respostas diversas, enquanto escondo questões no divã
Que gira na grande ciranda, tornando-se suspensão de minha mente sã

Quem sois vós?
Que é vindo da elevação da maré, em meio ao sopro da canção
Que me olha no sobrevôo pela noite fria, a me aquecer na escuridão
Que tens em teu tesouro a pequena voz resumida na sua imensidão

Em ti, quadriculados pedaços de mim
Gritos sem lógica; perda de voz
Em mim, o olhar sobre o mesmo jardim
Sem descobrir, quem sois vós?

terça-feira, junho 20, 2006

Até ontem

Foi bom rever sonhos; saber que caminhos seguem rumos diferentes mas que o coração mora no mesmo lugar. Foi bom rever o rosto que me fez de fantasias viver; saber que hoje existe nele um sorriso imensurado trazido pela estrela que bate em sua porta. Foi bom.

Volto para minha casa vazia e a preencho com as novas cores existentes em mim. Eu as respiro e elas me inspiram. Cores das rosas, do sol, da roupa. Cheiro do mar, do ar, da dama da noite. Digo sim para elas, para eles e para mim.

Tive no futuro, o encontro com o meu passado. Terei no passado, a saudade do meu presente. Hoje, neste mundo sem dimensões, o segundo que antecede o momento cria-me perspectivas.

Tiro do meu peito o grande escudo e abro os braços para esse caminho tão taful. Ouço o lacrimejo da noite azul e lhe dou um sorriso doce. Minha voz sai do canto mudo e eu digo até logo ao invés do adeus.